O poder das embalagens biodegradáveis na luta por um futuro mais verde

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A busca por alternativas mais sustentáveis no dia a dia é um tópico que vem ganhando cada vez mais relevância nos últimos anos. A substituição de canudos e copos de plástico por objetos de metal ou papel tornou-se uma das mudanças de maior destaque, por exemplo.

Em apenas 50 anos, triplicamos a quantidade de materiais extraídos da natureza. Na mesma velocidade, aumentamos o descarte deles. Em um mundo com condições de financiamento distintas, infra estruturas deficitárias e pobreza extrema considerável, centenas de milhões de pessoas ainda descartam  seus resíduos a céu aberto ou em rios.

Que a natureza se encarregue de transportar os resíduos para longe dos olhos. O problema é que no século 20, quase 20% desses resíduos passaram são compostos de um material que pode demorar 500 anos para ser absorvido pelos ecossistemas em sua forma mais básica: Os plásticos já estão no planeta para nos acompanhar por um longo tempo, mesmo que a partir de hoje eles não fossem mais produzidos.

Os plásticos foram uma conquista tecnológica para a humanidade, permitindo levar alimento para lugares remotos, levar as vacinas da COVID-19 nas temperaturas necessárias, aumentar a vida útil de alimentos até seu consumo. Sem falar nas roupas de poliéster, os pneus de borracha sintética, materiais aeronáuticos de menor peso, só pra citar alguns ganhos da sociedade moderna. 

Quando falamos de plásticos no meio ambiente, pensamos intuitivamente nas embalagens, apesar delas não serem as maiores fontes de contaminação microplástica nos oceanos (ficando esse inaceitável ranking para as fibras lavadas das roupas, as tintas lavadas pelas chuvas nas paredes e estradas, o pó dos pneus gastos ao rodar, as micro-esferas usadas nos cosméticos e pastas de dente). Mas em resposta a uma pressão de percepção do problema plástico e à intuição que as embalagens são o principal problema, as marcas donas de produto vem pressionando as pesquisas de novos materiais substitutos. Uma série de novos plásticos biodegradáveis vem a reboco em um fenômeno de mercado chamado “paperization” ou “papelização” das embalagens. Várias marcas vem lançando embalagens em papel, quando suas versões anteriores eram feitas de plásticos flexíveis.

Os materiais biodegradáveis vem sendo pensados para diminuir o impacto no descarte incorreto sua permanência como resíduo. A falência do estado em garantir a sua correta destinação (reciclagem, reuso, recuperação energética, e por última e no mínimo, descarte em aterros sanitários) tem levado a um pensamento coletivo de deixar para a mãe natureza o que não conseguimos acertar como equação no consumo: os 5Rs da Economia Circular.

Os materiais biodegradáveis são importantíssimos como tecnologia disponível, e precisamos trabalhar para que seus preços não sejam proibitivos e possam ser introduzidos na economia circular como verdadeiras alternativas, quando possível. É preciso lembrar que ao não demandarmos plásticos de origem fóssil (o petróleo) à medida que o mundo pressiona para que este deixe de ser a principal fonte de energia, materiais biodegradáveis também trazem outras questões para a discussão.

Materiais biodegradáveis normalmente tem sua matriz de produção baseada em plantas (plant based). Para a construção desses novos plásticos, a matéria prima provem da fotossíntese. ISso significa demanda de água (para a agricultura destas plantas), áreas plantadas, e os impactos decorrentes do agronegócio para esse fim (poluição química por defensivos agrícolas, aquecimento global pelo uso de fertilizantes, impactos na biodiversidade devido à destruição de florestas para novos plantios em terras mais baratas).

Nosso problema central está concentrado na economia de consumo desenfreado e descarte rápido dos produtos. Nosso problema não está centrado nos materiais que usamos.

Na introdução dessas novas tecnologias biodegradáveis, não podemos acreditar que a troca de materiais resolverá os problemas das incômodas imagens de plásticos nas praias de países pobres ou o descarte absurdo de embalagens em rios em países como as Filipinas ou Guatemala. Assim como um parque industrial enorme foi necessário para chegar aos 25,6% de reciclagem do plástico no Brasil, à medida que as marcas passem a entregar plásticos biodegradáveis em suas embalagens, uma nova e custosa infraestrutura precisa ser instalada, quase do zero em nosso país. Isso significa a construção de novas e caríssimas centrais de compostagem inexistentes por aqui. Precisaremos de milhares.

As cooperativas, que hoje fazem a separação de plásticos fósseis, precisarão de métodos e ferramentas para descobrir se aquele plástico é um PP (polipropileno) ou um PLA (Ácido Polilático – Compostável). As pessoas precisarão ser educadas quanto à compostagem também, já que essa prática é mínima na nossa cultura. Portanto, uma mudança de matriz de material plástico fóssil para plástico biodegradável requer muito planejamento, investimento, educação.

A seguir, conheça as embalagens biodegradáveis que estão prontas para serem introduzidas na economia circular:

O que são embalagens biodegradáveis?

Ao contrário das embalagens comuns, como o plástico, que leva 450 anos para se decompor, as embalagens biodegradáveis oferecem uma abordagem de degradar-se mais rapidamente (se compostadas, devem ser transformadas em CO2 e Água em até seis meses em uma composteira industrial, e em até dois anos em uma composteira caseira.

Os diferentes tipos de embalagens biodegradáveis

A maioria das embalagens biodegradáveis tem como ponto de partida uma planta. Normalmente, milho, cana-de-açucar, beterraba ou batata são as mais utilizadas por serem plantas que produzem quantidades razoáveis de açucares e carboidratos a partir da fotossintese. Estes açucares são posteriormente transformados em polímeros biodegradáveis. É preciso separar os conceitos: nem todos os plásticos provenientes de plantas são biodegradáveis, mas a maioria dos plásticos biodegradáves são provenientes de alguma planta.

1. Embalagens de Tecido Biodegradável

Embalagens feitas de tecidos biodegradáveis, como algodão orgânico ou cânhamo, são mais voltadas para produtos não alimentícios. 

2. Embalagens de Amido de Milho (PLA – Polímero de Ácido Lático)

As embalagens feitas a partir de amido de milho são uma alternativa popular aos plásticos convencionais. O PLA é compostável. Ou seja, nas condições adequadas, como a compostagem industrial, ele se decompõe em até 6 meses.. 

É cada vez mais comum encontrar esse tipo de embalagem em restaurantes, pois o PLA ainda pode ser utilizado para a confecção de talheres, pratos e copos descartáveis. Ainda pouco usado em embalagens.

3. Embalagens de Celulose

As embalagens de celulose são feitas de fibras naturais, no brasil, principalmente de pinus.

Elas são biodegradáveis e compostáveis, podendo ser encontradas em mercados nas embalagens de ovos, caixas de embalagens secundárias, sacos de papel, e muitas embalagens primárias de cartão. O maior desafio do papel é sua baixa resistência à água, gorduras, e ar. Mas muitas tecnologias de barreira estão sendo desenvolvidas para colocar o papel no jogo das embalagens plásticas.

 4. Embalagens de Algas Marinhas

As embalagens de algas marinhas são uma opção inovadora e muito promissoras como material. Devido a matéria-prima vinda da água, a embalagem se decompõe com facilidade quando entra em contato com o ambiente aquático. Ainda contam com pouquíssimas aplicações no mercado.

Benefícios das embalagens biodegradáveis

Menos Dependência de Petróleo: Como visto no tópico anterior, as embalagens biodegradáveis frequentemente usam fontes renováveis. Dessa forma, o plástico derivado do petróleo passa a ser menos utilizado.

Redução do Impacto Ambiental: Pensadas para quando a cadeia do petróleo não tenha o peso atual. O foco principal é diminuir a possibilidade de plásticos persistindo nos ecossistemas naturais. Mas outros impactos devem ser levados em conta, como o uso intensivo de água doce, defensivos agrícolas, impacto da cadeia dos fertilizantes nitrogenados, biodiversidade, uso da terra, etc. Neste século, teremos que sempre nos perguntar para onde estamos transferindo novos problemas gerados pelas pretensas soluções.

Emissões de Carbono Reduzidas: Por serem primordialmente provenientes de plantas, se NÃO FOREM ATERRADAS ao fim do uso, terão capturado gás carbônico quando cultivadas. 

Detalhes a serem considerados

Embora as embalagens biodegradáveis tenham muitos benefícios, também é importante considerar alguns contratempos que podem surgir:

Conscientização do Consumidor: É essencial que os consumidores estejam bem informados sobre como realizar o descarte correto das embalagens biodegradáveis. Embora elas se decomponham facilmente em sua maioria, isso não significa que podem ser jogadas fora de qualquer maneira. E se as biodegradáveis forem descartadas no lixo comum e não para um fluxo de compostagem, seu impacto nas mudanças climáticas pode ser pior que as atuais de plástico.

Requisitos de Compostagem: Infelizmente, a maioria das embalagens biodegradáveis devem ser, ao final de uso, enviadas para a compostagem industrial ou biodigestão. Não há estrutura implementada no Brasil para receber estas novas embalagens, o que tornaria a migração em massa para estes materiais um desastre para o meio ambiente, sem o preparo e investimento na coleta separada, educação da população, e a implementação das composteiras industriais para lidar com esse material. 

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